I CONGRESSO PORTUGUÊS DE SOCIOLOGIA ECONÓMICA

 


A Globalização dos Processos Produtivos



A partir da aldeia, enquanto base local, rasgando caminhos pelos espaços regionais, nacionais e internacionais até ao mercado transnacional actual, investigar o movimento de distenção do processo produtivo mundial é contar uma só história (a marcha progressiva de integração dos mercados) com múltiplos enredos.
No princípio era a "propensão natural do homem para vender, trocar e ceder coisas" (Adam Smith,1776), que conduziria ao comércio a longa distância; depois, o baixo custo dos transportes, que levaria á distensão do princípio da divisão do trabalho à escala do mundo.
Se antes, o mundo era um conjunto de mundos…com aquela expansão, lentamente, o mundo unifica-se mas, ao unificar-se, hierarquiza-se.
Hoje, a mundialização da economia regista-se numa tendência mais longa, a da dependência progressiva dos espaços físicos e sociais à lei do capital, da acumulação contínua que é, aliás, o objectivo máximo do sistema económico inventado entre mercadores e príncipes, na época mercantil.
A mundialização do capital enreda-se com a mundialização do mercado de trabalho; a concepção dos processos produtivos, baseada numa divisão internacional do trabalho muito complexa, deslocaliza-se, comprometendo-se intrinsecamente com produções e identidades locais, mas destina-se a um único mercado mundial (Wallerstein, 1974) ainda que subordinado a um pólo triádico (Petrella, 1994).
Neste enredo, o linkage (Rosenau, 1969) estabelecido entre os diversos espaços locais e o mercado global, isto é, a glocalização do processo produtivo, rompe o tradicional laço entre empresa nacional e mão de obra nacional, ou local, e pode conduzir, por um lado, ao fenómeno de deslocalização das lealdades locais e, por outro lado, a fenómenos de exclusão, pela impossibilidade de participação na troca material e simbólica geo-económica.
Esta comunicação, apoiada em seis estudos de caso, realizados em co-autoria (Janus, 98), em multinacionais implantadas em território nacional, e em diferentes abordagens teóricas, questiona a relação de interdependência entre as muitas fragmentações que a globalização económica introduz nos sistemas locais, intimamente enleada, no mundo pós-fordista, com os processos de integração/exclusão societal.


Teresa de Castro

 

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