I CONGRESSO PORTUGUÊS DE SOCIOLOGIA ECONÓMICA

 

Produção cultural e cultura do patrocínio em São Paulo.




Agentes e produtores culturais de diversas áreas anunciam um florescimento no mercado cultural, atraindo investidores particulares em detrimento de grupos filantrópicos e da destinação de verbas do Estado. A suposta liberdade frente às imposiçoes religiosas, ideológicas e políticas que antes restringiam a produção cultural encontra hoje, no jogo do mercado em busca de fórmulas adequadas para o investimento cultural, o determinador de uma estética já consagrada em setores mais amplos da cultura paulistana: a poluição visual.
São Paulo é uma cidade coberta por mensagens visuais de todas as naturezas: campanhas políticas, sindicais, religiosas, de trânsito, amorosas, de pichadores e principalmente comerciais. E a estética da hiper-comunicação visual na forma de out-doors, painéis eletrônicos, mega-telas, faixas, avisos comerciais, luminosos, sinais de trânsito, grafites e pichaçôes sobrepostos, um ofuscando o outro. De forma semelhante, patrocinadores de eventos culturais competem com o produto patrocinado impondo suas logomarcas, mostrando uma cidade que na realidade parece apreciar um mercadão de mensagens.
O futuro imediato da produção cultural, dependente do investidor, parece estar na competição com alguma mensagem comercial qualquer. Que o consumidor se entenda e consiga diferenciar o produto cultural da cultura do patrocínio.




Dorothea Voegeli Passetti - Faculdade de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

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