Posicionados no cruzamento das lógicas indissociáveis da oferta
e da procura, os consumos culturais fornecem um excelente terreno
de redefinição dos mecanismos das trocas simbólicas nas
sociedades urbanas contemporâneas.
Partiremos de uma tese fundamental, criticamente inspirada nos
estudos de Paul DiMaggio, mas igualmente influenciada pelas
indispensáveis obras de Pierre Bourdieu e de H.Becker, bem como
por um vasto conjunto de recentes investigações sobre as
práticas culturais dos franceses e dos portugueses (neste
último caso, estudos parcelares): para além do incontornável
"peso" das variáveis tradicionais do capital escolar e
do capital cultural, importa ter em conta a intensidade e as
modalidades de participação em redes de sociabilidade (enquanto
circuitos simultaneamente cognitivos e afectivos de trasmissão,
actualização e aquisição de capital informacional)
devidamente enquadradas nos seus contextos interaccionais e
institucionais. Desta forma, obter-se-á uma tipologia mais fina
dos consumos culturais (e dos "usos" sociais da
cultura) que poderá funcionar como modelo de análise da
fruição cultural nos meios sociais mais
"cosmopolitas".
João
Teixeira Lopes