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O presente trabalho visa elucidar a importância do então
Movimento dos Sem Terra da Zona Leste na construção de um novo
modo de subjetivação para as camadas populares que ocupam a
periferia da região leste da cidade de São Paulo. Região que
desde o século XIX é iminentemente popular, devido a processos
segregativos, que levaram as camadas populares a viver e conviver
em locais distantes dos bairros de elite - Para que isto
ocorresse diferentes ações foram desencadeadas; entre elas
abordarei as práticas sanitaristas do século XIX que levou a
formação de Vilas Operárias e a política habitacional de
Getulio Vargas calcada no binómio loteamento periférico
-autoconstrução, que incentivava a obtenção da casa própria,
que para muitos trabalhadores era tida como um troféu pelos anos
de trabalho e porque não dizer de submissão a disciplina
capitalista.
Esta disciplina que é forjada através do controle habitacional
das camadas populares vê-se confrontada quando este mesmo
segmento passa a lutar pelo direito a moradia
Neste momento, década de 80, tem -se uma ruptura tanto nas políticas
habitacionais do governo porque estas camadas interfeririam no
planejamento estatal, queriam decidir para onde ir e como ir Como
também uma ruptura nos processos de subjetivação que levavam
os trabalhadores a submeter-se a uma ordem e valores burgueses,
de como morar e de como conviver.
Neste caso a convivência no movimento por moradia suscitou novas
praticas sociais, pois no movimento social as pessoas são
levadas a conviver em grupo, a decidir coletivamente, a lutar
pelo direito a ter direitos, enfim a tornarem-se cidadãs, o que
faz com a cidadania passe a ser estruturante das relações
sociais, um vetor de subjetivação.
Um vetor que emancipa e que leva ao questionamento da submissão
vigente nos territórios periféricos de São Paulo.
Claudelir Correa
Clemente - Universidade Cruzeiro do Sul