As organizações híbridas são desafios ao conhecimento e à ação. Neste trabalho, tenta-se contribuir para a compreensão das organizações com múltiplos componentes, fluxos e fronteiras e de suas estratégias de competição/cooperação a partir do estudo de uma organização singular em muitos aspectos. Mais do que uma organização, é uma combinação extraordinariamente complexa de um sem número de outras organizações que pertencem, ordinariamente, a outros conjuntos organizativos, mas que se mesclam em um todo constituído de muitos processos e fluxos de ação articulados, estrategicamente, para produzir uma festa: o carnaval baiano. Apresentam-se os resultados de uma pesquisa que viu o carnaval enquanto totalidade, desconstruindo-o em estudos sobre algumas organizações que o integram para reconfigurá-lo enquanto organização híbrida, que se torna cada vez mais competitiva. O carnaval move-se em fluxos que se deslocam em espaços físicos e decisionais, ampliando-se para além fronteiras e incluindo sempre novos atores estratégicos.

Trata-se o carnaval como organização que pode ser melhor compreendida quendo se desvelam algumas de suas máscaras.

O recurso à metáfora é utilizado, explorando-se algumas possibilidades de emprego no trato de organizações híbridas.

Usar metáforas, como usar máscaras, é adotar visões, imagens e representações. A máscara esconde revelando, a metáfora também.

Ambas fazem o jogo múltiplo que admite múltiplas visões.

O carnaval não é uma organização com distinções claras entre a produção e o consumo da festa, combinando acaso e intencionalidade.

Ao mesmo tempo, é uma festa popular, uma cerimônia ritual, uma feira de negócios e uma arena de conflitos.

Artesanato e indústria cultural, cenário e vitrine, o carnaval é o resultado de processos simultâneos e interanectados, que atinge grandes performances como festa popular e feira de artefatos da cultura local tão fortemente identificada pela etnicidade.

A infra-estrutura do carnaval reúne outro subconjunto de organizações em que os setores público e privado atuam como mostram alguns números: para 900 pontos de venda de comida e bebida e 4 mil vendedores ambulantes licenciados, 101 fiscais de saúde pública, dez postos de atendimento médico, aproximadamente 10 mil policiais, 2000 trabalhadores de limpeza urbana, total ativação de frota de transportes.

As redes produtivas proporcionam 80.000 empregos na semana da festa, em organizações mais ou menos flexíveis. O trade turístico compreende agências, velhos hotéis, novas alternativas de hospedagem, várias modalidades de transporte, instituições gestoras governamentais, veículos de marketing e outras. Aí estão os de atendimento emergencial, as empresas de som e luz, a retaguarda de dos shows, as indústrias de bebida e gelo, a produção de discos. Na flexibilidade que só este evento permite, aí estão oa atores estratégicos de todos os negócios, que tanto fazem quanto consomem a festa.

Vinculados a 134 bandas, que animam as ruas centrais, os bairros e em cima dos trios elétrico, 3.200 artistas apresentam-se para um público de 1,5 a 2 milhões de pessoas; com cerca de 400.000 turistas.

Foram analisados, em profundidade, blocos de carnaval (4 tipos), a rede hoteleira ( 2 hotéis); uma clínica de traumatologia, as barracas de alimentaçãso e vários casos de vendedores ambulantes, com destaque à baiana.

Conclui-se que o gigantismo é um atestado inegável de sucesso. No entanto, este projeto, tocado por milhares de mãos, requer capacidade empreendedora e competência estratégica, doses equilibradas de ousadia e bom senso e o que se poderia chamar de artesanato gerencial como os estudos sobre as organizações do carnaval evidenciam.

Ao se tornar produto de exportação, o canaval baiano deve preservar sua identidade de festa popular por excelência; que corre os riscos da massificação e mediocrização.

Em sendo competitivo, é também espaço de alianças estratégicas; cooperação governo/iniciativas empresariais; e um grande momento de inovações organizativas e gerenciais.

The hybrids organizations are callenges to the knowledge and to the action. In this work, we're trying to contribute for the understanding of the organizations with multiple components, flows and bounderies and about their strategies of competition / cooperation, from the study of a singular organization in its various aspects. More than an organization it is an extraordinarily complex combination of an unlimited number of others organizations that belongs ordinarily to others organizatives teams, that mix themselves in a whole constitued of many flows and processes of articulated action, strategically, to produce a party: the bahian's carnival.

There are the results of a research which focused the carnival as a whole, decomposing it in some studies about some organizations that compound it to reconstitute it like an hybrid organization, that becomes more and more competitive.

The carnival move itself in flows that dislocate themselves through physicals and decisionals spaces, growing up beyond the borders and including always new strategic actors.

We treat the carnival like an organization that can be better understood when we disengage some of its masks.

The metaphoric way is used exploring some possibilities of its employment in the treatment of the hybrids organizations.

To use metaphors, like to use masks, is to adpt visions, images and representations. The mask hide, revelling; the metaphor too.

Both make the multiple game that admits multiple visions.

The Carnival is not an organization with clear distinctions between the production and the consumption of the party, combining hazard and intencionality.

At the same time, it is a popular party, a ritual ceremony, a business free market and a stage of conflits.

Workmanship and cultural industry, scenery and shopwindow, the carnival is the result of simultaneous and interconected processes that reach great performances as a popular party and free market of the artifacts of the local culture so strongly identified by the ethnicity.

The infrastructure of the carnival congregate another sub-teams of organizations where the public and private sectors work as show us some numbers: for 900 selling points of food and drink, and for 4.000 licency ambulants salesmen, 101 inspectors of the public health, 10 first-aid clinic, aproximately 10.000 policemen, 2.000 workers in urban cleanness and total ativation of transports fleet.

The productives nets provide 80.000 jobs during the week of the party, in organizations more or less flexible. The touristic trade embody agencies, old and new hotels, various kinds of transport, governamental managers institutions, marketing vehicles and so on. There are those of emergencial attendance, the light and sound enterprises, the background of shows, the drink and ice's industries, the record'production. In the flexibility that is permited only by this event, here are the strategics actors of all the business, who do and consume the party Linked to 134 bands that stimulate the central streets, and the districts over the eletric trios, 3.200 artists show themselves for a public of 1,5 to 2 million of people; with about 400.000 tourists.

The carnival groups (4 types); the lodging net (2 hotels); a clinic of traumatology; the stalls of food and many ambulant salesmen cases, were analysed emphasizing the bahian girl.

We conclude that the big size is an undeniable sucess certificate. However, this project touched by thousand of hands, requires managerial capacity and strategic competence, equilibrated doses of daring and good sense, and what we could call of managerial workmanship like the studies about the carnival organizations make evident.

Becoming exportation product, the bahian's carnival must preserve its identity as a popular party by excellence; however it has the risks of massification and mediocrity.

In being competitive, it is also space for strategics alliances, cooperation between government and entrepreneurships iniciatives and a great moment of organizatives inovations and managerials.

Tânia Fischer - Escola de Administração da UFBA, NEPOL, NPGA/EAUFBA.