O Convencionalismo na
Análise Económica e na Sociologia |
Esta comunicação centrar-se-á
sobre as referências sociológicas explícitas da escola da
"economia das convenções", reactivada em França há
uma dezena de anos. O interesse desta escola advêm do facto de
ela se encaminhar para um programa de pesquisa suficientemente
credível para captar a atenção não só de economistas que
entendem preservar o contacto com a tradição neoclássica mas
também dos economistas heterodoxos da corrente
neo-institucionalista. Na apresentação da escola das
"convenções" insistirei no facto de ela constituir um
forum pluridisciplinar inovador na paisagem universitária
francesa, ainda muito marcada pelas compartimentações
monodisciplinares dos curricula. Em seguida procurarei mostrar
que a sociologia explícita à qual recorrem os primeiros
trabalhos do "convencionalismo" francês era em grande
parte tributária do paradigma funcionalista, sublinhando-se o
facto deste paradigma apresentar uma concepção normativa da
acção, simétrica daquela que subjaz à ciência económica
edificada a partir da versão extremada do modelo homoeconomicus.
Em seguida, farei menção das tentativas convergentes recentes
que vão no sentido de ultrapassar essa sociologia incrustrada
explícita ou implicitamente nas teorias económicas, com vista a
sublinhar 1) as compatibilidades entre a nova micro-economia e a
economia das convenções e mais geralmente entre as disciplinas
que adoptam ou se revelam capazes de integrar o preceito
metodológico do "individualismo complexo" proveniente
da hipótese da racionalidade contigente do agente/actor; 2) o
desafio que isso representa para a sociologia, i.e. a
conceptualização de um "holismo complexo" que dê
margem para a intencionalidade do actor, e, enfim 3) o interesse
que pode revestir para o avanço dos conhecimentos nesta área a
retoma da sociologia do direito inaugurada por M.Weber, na qual
as "convenções" ocupam particular relevo.
FERNANDO
MEDEIROS - <ISEG / UTL