Desemprego de Longa
Duração - Trajectórias, Estratégias e (Re)Inserção
Social dos Desempregados: Os Casos do Seixal e da
Azambuja |
A comunicação a presentar está
relacionada com duas investigações projectadas, uma delas já
em curso, outra ainda em fase preparatória. Ambas partem das
mesmas assunções, nomeadamente aquelas que relacionam com a
descrença nas virtualidades do mercado para, por si, resolver os
níveis crescentes de desemprego manifesto. Ou de que não basta
introduzir mecanismos políticos correctores às insuficiências
so mercado, tornando-se crucial, neste terreno, as relações
desencadeadas pelos agentes sociais intervenientes.
Escolheu-se o nível local porque se pressupões que as
condições particulares de povoamento, de organização
económica e social, as particularidades culturais, as
qualificações concretas da população activa, a história
local do empresário e do salariato, as iniciativas dos orgão
administrativos, políticos, sindicais e empresariais locais,
entre outros, assumem grande relevância na análise desta
problemática. Escolheu-se também uma metodologia que permita
não só conhecer a realidade, mas que seja capaz de implicar os
actores sociais envolvidos nesse conhecimento e que potencie
capacidades para intervirem na procura de soluções
alternativas.
No primeiro momento da investigação procede-se a uma pesquisa
que rompe com o senso comum, o conhecimento vulgar, a
experiência imediata: definem-se conceitos, desenham-se
hipóteses, escolhem-se os meios que permitam avaliar, de forma
distante dos sujeitos, se são adequadas as preposições
lógicas construídas e que buscam encontrar o sentido da acção
no sistema global das relações sociais em que elas se inserem.
Num segundo momento, procura-se proceder ao reencontro da
ciência produzida com o senso comum, para, como refere o mesmo
autor, se fazer algo de novo, ao promover a coincidência entre
causa e intenção. Estes são modos de procedimento que se
tornam importantes quando, como é o caso, se pretende que os
actores sociais se apropriem do conhecimento produzido e cuja
produção foi por eles compartilhada para, assim, poderem
transformar a sua própria acção.
Fazem-se intervir na análise as seguintes vertentes:
(des)qualificação social dos indivíduos e da sociedade local;
(des)envolvimento de desempregados, de empregadores e de
dinamizadores de emprego; (in)existência da sociedade
providência e/ou do Estado Providência.
Concretizando, pretende-se analisar:
1) As relações entre os traços individuais dos desempregados,
as trajectórias de vida e as estratégias individuais.
Recorrer-se-á à entrevista individual e à construção de
tipologias, fazendo intervir processos informatizados na
construção de relações entre variáveis.
2) As potencialidades de revitalização do tecido económico e
social, através de um levantamento sócio-económico e cultural
das zonas, partilhado e completado com uma comissão local de
cooperantes-coopersantes ligadoos quer ao desemprego e aos
desempregados, quer ao emprego existente, quer ainda a
dinamizadores de novos empregos. Proceder-se-á a uma análise de
estudos feitos e a estudos directos complementares, à sua
discussão e revisão na comissão de cooperantes e a uma
síntese final avaliadora das relações teóricas entre
integração e inserção social.
As hipóteses nde que se parte são as de que:
a) se assiste a uma dualização social crescente, com a
ampliação da base dos estratos sociais inferiores através do
desemprego de exclusão, nas zonas em que a sociedade
providência é mais débil, quando a desqualificação
individual é elevada e as estratégias empresariais de
reconversão económica do tipo defensivo.
b) nas zonas em que a sociedade providência é mais forte, o
poder local é também participasdo por outras estruturas da
sociedade civil, que não só pelas autarquias, e a inovação -
dinamização empresarial, embora presente, é rudimentar, a
dualização social é menor, embora com o sacrificio do estrato
superior, beneficiando assim o estrato inferior.
c) inserção profissionalnão é sinónimo de integração
social.
MARIA TERESA SERÔDIO ROSA
MARIA FORTUNATA R. GONÇALVES
PAULA ISABEL MARQUES FERREIRA